Crime Ambiental no Km7: floresta com a árvore símbolo de Teresina é derrubada.
Fazemos planos e mutirões às claras, na luz do dia, para colorir de verde a Cidade Verde. Mas há quem, nas sombras, escolha o domingo em que descansamos o corpo para nos ferir a alma.
Domingos sem o Verde da esperança. É assustador. Os domingos de Teresina estão sendo escolhidos para o festival nocivo da derrubada de árvores, assim mesmo, no plural. Recentemente, foi uma figueira centenária no Centro da Cidade. Agora, também no domingo, mais um desavergonhado crime ambiental. No quilômetro sete, a 400 metros da Polícia Rodoviária Federal e a menos de 300 metros de uma placa de boas vindas à Teresina, uma contradição está exposta. Caídas ao chão, centenas de árvores tombaram sem defesa nem testemunhas. Mas ainda há o que salvar.
A última área protegida de Mata original do Cerrado, em plena Chapada do Corisco, está sendo derrubada por tratores. A cidade merece tratamento melhor. Alguém, que autorizou isso, deve ser imediatamente desautorizado. Sendo um ato clandestino e ilegal, deve ser suspenso. Enquanto ainda há o que proteger de pé.
Os oportunistas de plantão estão nos tirando uma oportunidade: a da Zona Sul ter um Parque Natural, nativo, original, onde se possa respirar ar, dissolver o estresse, encontrar amigos, festejar a Vida. Segundo o Biólogo Alberto Jorge, Dr. em Botânica do Instituto TROPEN e da Universidade Federal do Piauí, o local é uma das “últimas áreas que testemunha a mata original do Cerrado de Teresina”.
Neste domingo(26.4), com a Vereadora de Teresina, Teresa Brito (PV), o Presidente da FUNCERRADOS, o Advogado Antônio Ribeiro Neto e a Presidente da Comissão do Meio Ambiente da OAB Piauí, a Advogada Roberta Andrade Ferreira, estivemos em campo. “Essa derrubada é a contradição entre o Discurso do Verde e a prática atual da administração do Meio Ambiente em Teresina”, disse Teresa Brito. Diante da raiz exposta de um caneleiro (a árvore símbolo de Teresina) derrubado por trator de esteira, uma voz indignada: “protestamos com essa atitude e vamos acionar o Ministério Público e até entrar com uma Ação Cautelar para suspender a autorização e a justificativa dessa derrubada”, afirmou Roberta Andrade Ferreira, da OAB. Tombadas pela força da lâmina do trator, dezenas de faveiras de bolota, árvore típica do Cerrado, expõem o solo à erosão da chuva. “Esse cenário é um péssimo exemplo de Boas-Vindas para a entrada de nossa cidade e um descaso com seus habitantes da Zona Sul. Coelho Neto, que chamou Teresina de Cidade Verde, incluindo todos nós, fomos insultados”, declarou Antônio Ribeiro Neto, da FUNCERRADOS.
O Prefeito Sílvio Mendes é um homem frondoso. Até na China. Fez uma escolha técnica para a direção da Secretaria do Meio Ambiente de Teresina. Apontou para o Agrônomo Clóvis Freitas, um crente e praticante de eco-educação, dedicado e determinado plantador de árvores. Mas onde está a outra parte da política ambiental? Por ser moto, certamente a serra tem mais velocidade em derrubar que a mão da gente em plantar. Com árvores é assim, essa disputa desigual.
A prática sorrateira de derrubar árvores nos domingos, dias santos, feriados e qualquer dia, em Teresina, tem que ser arrancada. Pela raiz. Caso contrário, vamos mudar de vez o texto do Hino da Cidade. Certamente, assim sendo, procurem outro letrista. Não é mesmo, Cinéas Santos?